segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Amanhã de ti

Chegarei a casa e darei por ti. Pela tua ausência mascarada pela falta
de uma peça qualquer. Sou mulher. Talvez por essa condição seja dada a
pormenores, perdoa-me por isso saber o lugar exacto onde estava então o teu
candeeiro artesanal feito com o tripé de uma antiga máquina fotográfica, os
postais, as revistas, os binóculos, os flyers da tua última exposição ou
quaisquer restos de ti.

Sei de tudo e sei que tudo vai embora. Fotografo tudo nos seus lugares de hoje, para que permaneça em algum lugar inalterável. Para que o tempo se suspenda neste momento e o amanhã não tenha que acontecer para nós. Para que não me sobrem apenas restos de ti.