quarta-feira, março 28, 2007

porque danço

"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Álvaro de Campos

Porque danço a meio do dia. porque abro os olhos num sorriso imenso para o mundo. porque choro. porque me provo. porque erro. porque espero sempre alguém. porque sonho sempre de olhos abertos para o futuro. Porque sou inteira quando te amo. Porque sou absoluta. Porque sou cavalo selvagem. porque sou a liberdade na flor. porque sou a presa fácil do amor. porque sou assim. apenas eu. apenas sonho. nuvem de fantasia. porque sou toda em ti. porque nada deixo para mim. porque me abraço. porque tenho frio. porque me acaricio. porque tenho fome. de ti. porque me olho ao espelho. e não te vejo. porque rodopio sozinha a meio do dia. porque sonho. Sempre. muito.

sábado, março 24, 2007

porque não sei

porque não sei tanto. tanto mesmo. há tanta coisa para lá de mim. tanto que não sei dizer, exprimir e segredar-te ao ouvido. não sei como te dizer o que isto é. como é. como me atravessa os sentidos, se entranha nas vísceras e me faz querer-te. acima de todos os medos. acima de todos os riscos. dos costumes. acima dos outros. acima de mim mesma. porque subo. fecho os olhos extasiada. estou no topo do mundo. estou contigo. e sei. tão bem que sei. talvez seja a única coisa, que verdadeiramente sei, não era contigo que deveria estar. de mãos dadas até tudo se acabar e a eternidade se perder debaixo da água quente. onde o teu corpo já não é meu. E o meu voltou apenas a ser corpo. porque não sei ser mais nada. não sei se há mais alguma coisa para ser aqui. contigo. ainda que no topo do mundo.

quinta-feira, março 15, 2007

Não sabes...

Não sabes as palavras mas adivinhas as letras. Não sabes os nomes, mas adivinhas-lhes as formas. Não sabes quanto tempo, mas adivinhas que é pouco. Não sabes se é poema, conto ou romance, mas adivinhas que é de amor os segredos que te escrevo no papel. Não sabes se é de noite ou de dia, mas adivinhas que te chamo no silêncio dos meus sonhos. Não sabes se sou culpada ou inocente, mas adivinhas o feitiço nos olhos. Não sabes se sou terra, ar ou água, mas adivinhas que não sou de ninguém. Não sabes se te amo, mas adivinhas no corpo que te quero. Não sabes para onde vou, mas adivinhas que vou sem ti. Não sabes as notas, mas adivinhas a música branca que nos abraça e nos tenta. Não o sabes verdadeiramente mas… amo-te